Jogo que começou totalmente controlado teve desfecho que irritou a torcida atleticana Nem o mais pessimista dos atleticanos esperava ver o Galo em tal situação após quatro rodadas de Copa Sul-Americana. Os mineiros conseguirão a proeza de não liderar um grupo com Caracas, Cienciano e Deportes Iquique. O time chileno superou os brasileiros na noite desta quinta-feira por 3x2, em casa, e deixou o Atlético Mineiro com apenas cinco pontos em quatro jogos.
O Caracas recebe o Cienciano logo mais, e qualquer um dos três resultados possíveis tira o Galo da primeira posição do Grupo H. Apesar do terrível placar, o Atlético começou melhor. Tinha o jogo totalmente controlado até sofrer o empate aos 33 minutos do 1º tempo. A marca da virada chilena foi a passividade e a falta de concentração alvinegra nas ações defensivas. Pagou caro por isso!
Escalações
Em seu quinto jogo no comando do Deportes Iquique, o técnico Fernando Diaz fez três mexidas em relação a última partida. O centroavante Parraguez, ex-Sport, foi um dos novos titulares. Cuca não pôde contar novamente com Hulk e Alan Franco. Saravia, Palacios e Bernard ganharam oportunidade como titulares. Fausto Vera, Natanael e Cuello começaram entre os reservas.
Como Deportes Iquique e Atlético Mineiro iniciaram o duelo válido pela 4ª rodada do Grupo H da Copa Sul-Americana 2025
Rodrigo Coutinho
O jogo
Diante de uma equipe excessivamente recuada, reagir rapidamente ao perder a bola pode ser muito valoroso para pegar o adversário em saída de contragolpe e em processo de desorganização defensiva. Isso foi determinante para colocar o Atlético no comando do placar antes dos dez minutos.
Rubens fez um bom ''perde, pressiona'' na entrada da área, roubou de Hoyos e tabelou com Igor Gomes antes de bater com categoria no canto esquerdo. O Galo havia chegado com certo perigo em chute de Rony da entrada da área. O atacante tentaria marcar da mesma forma um pouco depois. Se aproveitava da liberdade de movimentação que tinha a partir do centro do ataque.
Outros jogadores também tinham essa flexibilidade. Bernard circulava da esquerda para dentro. Scarpa por toda a intermediária. Recuava, avançava, abria para um dos lados. Saravia e Palacios revezavam a zona de ataque pela direita. Quando o argentino avançava aberto, o colombiano afunilava, assim como o inverso. Igor Gomes se projetava mais em relação a Rubens.
Apesar do gramado distante das condições perfeitas, o time brasileiro conseguia circular a bola bem e achar as conexões. Era favorecido também pela marcação pouco agressiva do Iquique. Mesmo perdendo desde o início, os chilenos não abandonaram a ideia de marcar em bloco baixo. O desenho defensivo era o 4-4-2, marcação por zona e baixa pressão na bola.
Rubens Atlético-MG
Pedro Souza/ Atlético
O principal argumento ofensivo dos chilenos até os 30 minutos foi a capacidade de conduzir a bola do zagueiro Saborit. Nos raros momentos em que a equipe tinha a bola e o Atlético recuava, ele carregou pela intermediária com liberdade e chegou a arriscar um chute perigoso de longe. O cenário confortável pode ter feito o time brasileiro perder a concentração sem a bola.
Praticamente na primeira jogada em que o Iquique conseguiu colocar uma quantidade relevante de jogadores no ataque, Alvaro Ramos aproveitou o erro de Rômulo na bola aérea e concluiu de cabeça o cruzamento de Orellana. O capricho do lance é o seguinte. Ramos havia acabado de trocar de posição com a lesão de Parraguez, que saiu para dar lugar justamente a Orellana, que fez o cruzamento.
Os anfitriões se encheram de confiança com o empate e chegaram a ultrapassar o número de finalizações do Atlético em determinado momento do 1º tempo. Foram mais agressivos com e sem a bola. O alvinegro perdeu um pouco a capacidade de envolver e só voltaria a assustar depois dos 40'. Requena impediu o gol de Igor Gomes ao travar o meio-campista após boa trama de Scarpa e Bernard.
Rony em Iquique X Atlético-MG
Divulgação/Conmebol
O Atlético poderia ocupar a área com mais jogadores para criar chances com maior frequência, algo que concretizaria o volume obtido. Cuca tirou Palacios e Igor Gomes no intervalo. Botou Junior Santos e Fausto Vera. A pressão atleticana seguiu, assim como a desatenção e o desleixo defensivo.
O experiente Puch, que entrou no intervalo, construiu uma ótima jogada de contragolpe em cima de Fausto Vera e bateu cruzado para Ramos virar o placar aos sete minutos do 2º tempo. O absurdo comportamento defensivo dos mineiros facilitaria mais um gol aos chilenos antes da metade da etapa complementar.
Saravia só observou Jorquera receber pela esquerda. O lateral do Iquique cruzou para Orellana cabecear, sem a objeção de ninguém, no canto esquerdo de Everson, que pulou um pouco atrasado na bola. Cuca olhava para o campo com um misto de irritação e incredulidade. A expresão dos jogadores em campo era de apatia.
Cuca Atlético-MG
Pedro Souza/ Atlético-MG
Cuello e Natanael entraram e o Atlético melhorou a qualidade de seus ataques. Saravia e Caio Paulista saíram. Rubens virou lateral. Cuello levou vantagem em jogadas pela esquerda. Bernard começou a trabalhar na meia-esquerda, ao lado de Scarpa. Junior Santos foi fixado por Cuca no centro do ataque e Rony partiu do lado direito.
O goleiro Requena fez ótimas defesas em finalizações de Cuello e Rony, mas não pôde deter Bernard, que diminuiu após tabelar com Junior Santos. O centroavante João Marcelo foi o último a deixar o banco atleticano para entrar. Rômulo foi sacado e Rubens terminou a partida jogando de zagueiro. Uma versão ultra-ofensiva do Galo
As 24 finalizações e os mais de 70% de posse de bola dos brasileiros não foram suficientes para fazer o Atlético vencer, fruto de um comportamento altamente desleixado e desorganizado para defender a partir da segunda metade do 1º tempo.